sábado, 23 de outubro de 2010

CRÉDITO E PLANEJAMENTO

Olá pessoal, as estatísticas demonstram claramente a queda do salário real. Isto significa que seu salário hoje, descontada a inflação, tem menor poder de compra do que anos atrás.

Grande novidade!

Você percebe – e sente – isso em seu dia-a-dia. Tomando café, indo ao supermercado, usando ônibus, pagando pedágio.

Como você ganha “pouco”, recorre a uma coisa chamada crédito que, no Brasil, atende às pessoas físicas pelos nomes de cheque especial e cartão de crédito.

Por compulsão ou necessidade, você utiliza o crédito que lhe é disponibilizado. Paga taxas de juros de até 435% ao ano, sem perceber, até ficar inadimplente. Então, surgem outras figuras onipotentes. Os serviços de “proteção ao crédito” como SPC e Serasa que, com seu poder discricionário, negativam seu nome em todo o país, tornando você persona non grata. Tiram-lhe o crédito, a moral e a tranqüilidade.

Desempregado, sem crédito, sem dinheiro e com o nome comprometido, você um dia sai em busca de um emprego digno. e dignamente recebe um não!

A partir daí a vida parece rolar barranco abaixo, e como podemos sair dessa areia movediça???

Devemos buscar, primeiramente, o que, até então,nunca possuímos:

Disciplina, organização e paciência.

Disciplina para manter a constância e o foco na solução dos problemas financeiros, organização para colocar a casa em ordem e paciência para perceber que a solução não é imediata.

Pautado nesses três aspectos, vamos a luta, encaramos nossos monstros, entre eles um muito poderoso, o famigerado Cartão de Crédito; sendo assim, deixo algumas dicas de como lidar com esse vilão: 

1. É realmente necessário usar o cartão?
Não. Apesar da prática bastante arraigada, o cartão de crédito não é imprescindível e às vezes, indesejável, principalmente se você tem dificuldades com a disciplina financeira. Aliás, algumas pessoas usam o cartão pensando que ele as ajudará a serem maisdisciplinados ou coisa semelhante. Nada mais longe da realidade, se utilizar o Cartão de Débito não estará comprometendo seu orçamento com lançamentos futuros. Existe uma estatística interessante, a de que, quando usamos o cartão de crédito, normalmente gastamos 30% a mais. A razão é simples. Quando usamos o cartão não sentimos que estamos gastando, pois a conta só chega 30 a 40 dias adiante.

2. Cartão de crédito não é orçamento.
Dentre estas vantagens que operadoras de cartão divulgam aos clientes, estaria o fato de que todas as compras são discriminadas e que este registro é muito bom. A fatura do cartão, por mais discriminada e detalhada que seja, não é orçamento. Ela apenas diz o que você comprou, mas não garante que comprou o que devia ou o que estava orçado. Só um orçamento pode dizer a você claramente cada um dos valores a serem gastos em cada área de necessidades tais como moradia, supermercado, roupas, etc. Não caia nessa de achar que a fatura de cartão substitui o orçamento. Se as estatísticas estiverem corretas, pode ser justamente o contrário, ou seja, que você estourou em 30% alguns itens do seu orçamento

3. Quantos cartões devo possuir?
Um só cartão já é mais que suficiente. Perceba que, em princípio, você pode ter vários cartões e estar em equilíbrio financeiro. Para os disciplinados o cartão não é um problema tão grave assim. Eu me considero uma pessoa disciplinada financeiramente,mas vez às vezes dou uma escorregada com o cartão. Nada grave, mas acontece. Imagine para os que não tem disciplina..

4. Devo parcelar?
O parcelamento é, teoricamente, uma das vantagens do cartão, além daquela de vencer numa data posterior à da compra. Mas o perigo é você cair na mentalidade do endividamento. É aquele modo de pensar de que só conseguimos comprar coisas nos endividando. Se você se convencer disso, estará no pior dos mundos. Lembre-se que, normalmente, as lojas pagam um percentual do valor da compra para a operadora do cartão e também embutem juros nas parcelas. Por isso a frase “parcelas sem juros” não é verdadeira. O correto seria dizer “parcelas iguais”, mas dizer qual o juro que está embutido. Se você conseguir negociar uma redução equivalente aos juros e remuneração da administradora para pagamento à vista, seria a melhor opção.

5. Pague a fatura integralmente!
Essa é a mais importante, não seria nem necessário falar, mas, é sempre bom lembrar que o total da fatura deve ser pago na data de vencimento. Com juros que variam de 10 a 15% ao mês, não podemos dar essa moleza para os cartões, certo? Se você não conseguir pagar o total da fatura, provavelmente é sinal de que não está disciplinado suficientemente para lidar com o cartão. Então, ao invés de ficar racionalizando, que tal dá um tempo com o cartão e repensar a relação? Creio que seria uma decisão inteligente.

Percebam que repetimos muito a palavra “disciplinados”, bem, sem a disciplina, esqueça utilizar qualquer forma de crédito, principalmente o cartão. Após essas dicas podemos concluir que organização e paciência estão embutidas no contexto de disciplina. Resumindo, como no diálogo entre Emmanuel e Chico Xavier, no filme que narra sua vida:

Disciplina, Disciplina e Disciplina.

Sucesso amigos!

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